Em uma casa pequena na cidade de Juazeiro do Norte, uma família
trabalha para resgatar e preservar a memória do Caldeirão da Santa Cruz
do Deserto, capítulo marcante da cultura e história caririense. Através
de fotos, livros, histórias e réplicas de objetos usados por moradores
do Caldeirão, funciona, há mais de seis anos, a ONG Beato José Lourenço.
Entre
os fundadores estão os irmãos Pedro Andrade e Maria José de Sales,
filhos de remanescentes do Caldeirão. Os irmãos ouviam de seus pais, que
vieram do Rio Grande do Norte para o Cariri, as lembranças de quando
viviam na comunidade e do Beato José Lourenço, líder e fundador da
associação. “Minha mãe, remanescente do Caldeirão, trazia a saudade da
fartura lá existente, fruto do trabalho comunitário, da disciplina e da
oração. Tudo que dizia respeito ao Caldeirão, para ela, era bom e
defendia o nome do Beato”, afirma Maria José.
Hoje a ONG Beato José Lourenço passa essas histórias a estudantes e à
comunidade caririense em geral, que pode agendar visitas ao acervo ou
receber palestras dos fundadores do projeto em escolas e instituições de
ensino, gratuitamente. A ONG recebe apoio financeiro apenas quando se
prepara para realizar a missa em homenagem à comunidade, realizada
tradicionalmente no mês de fevereiro, e é mantida durante todo o ano
pelos próprios fundadores.
Para agendar visita ao acervo da ONG
Beato José Lourenço, ou solicitar visita dos fundadores a escolas e
instituições de ensino, basta entrar em contato pelo telefone (88)
9909-4054. Maiores informações podem ser encontradas no Blog Beato José Lourenço.
Sobre o Caldeirão: O Caldeirão de Santa Cruz do Deserto foi um movimento que surgiu no
território de Crato- CE. A comunidade era liderada pelo paraibano José
Lourenço Gomes da Silva, mais conhecido por beato José Lourenço. No
Caldeirão, romeiros e imigrantes trabalhavam em favor da comunidade e
recebiam uma quota da produção. José Lourenço trabalhava com sua família
em latifúndios no sertão da Paraíba, quando resolveu migrar para o
Cariri, conhecendo Padre Cícero e fazendo alianças.
José Lourenço
tornou-se líder daquele povoado. Mesmo analfabeto, ele dividia as
tarefas e ensinava agricultura e medicina popular para os demais
moradores. Em 1937, sem a proteção de Padre Cícero, que falecera em
1934, a fazenda foi invadida, destruída, e os sertanejos divididos.
Mesmo tendo ressurgido pela mata, em uma nova comunidade, o Caldeirão
foi invadido novamente, dessa vez por terra e pelo ar, pelo Exército
brasileiro e Polícia Militar do Ceará, quando aconteceu o massacre com
cerca de 400 mortes.
Fonte: Site Miséria.
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