Seis parlamentares da Câmara Municipal de Crato estão expressando o
desejo em retirar suas assinaturas do requerimento que resultou na
criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), aprovada há cerca de
duas semanas, com a finalidade de investigar denúncias contra nove
parlamentares do município acusados de terem recebido pagamentos no
valor de R$ 50 mil para desaprovarem as contas de gestão relativas ao
exercício financeiro de 2009, de responsabilidade do ex-prefeito Samuel
Araripe.
O documento pedindo a retirada das assinaturas foi
protocolado na secretaria da Câmara no último dia 31 de outubro. Assinam
o pedido os vereadores Celso Oliveira Rodrigues, Pedro Eugênio Maia
Moreira, José Nilton Brasil, Luciano Saraiva Faustino, Espedito Ancelmo
Telles e José Pedro da Silva.
O vereador Pedro Eugênio Maia
Moreira nega, no entanto, que haja interesse dos parlamentares em
obstruir a realização das investigações. Segundo ele, o documento foi
apresentado porque a maneira como a CPI foi criada não atende as
exigências regimentais da Casa. “O pedido de instalação dessa CPI foi
aprovado após o encerramento da sessão. O requerimento foi apresentado
manualmente. Existem situações que não condizem com o nosso regimento
interno”, explica o vereador.
Pedro
Eugênio avalia, ainda, que não há provas apresentadas à Casa que
justifiquem a abertura prematura de uma comissão parlamentar. “O que há
são denúncias apresentadas por um vereador. As provas, onde estão?”,
questiona. O parlamentar disse ter sido informado que documentos teriam
sido encaminhados, apenas, ao Ministério Público do Ceará. “Se existem
esses documentos, essas provas, só quem as possuí é o Ministério
Público”, afirma.
Porém, segundo afirma, ele e os demais colegas
apoiam a realização das investigações em torno das denúncias. “Acho
importante esclarecer essa situação. Mas, para que a CPI funcione como
determina o regimento, é preciso adequar o requerimento”, explicou.
O
presidente da Câmara, Luis Carlos Saraiva, que também foi citado na
denúncia como um dos participantes da reunião onde teria havido o
suposto pagamento aos parlamentares, disse que não há impedimentos
legais para que a comissão funcione a partir do requerimento apresentado
no último dia 28 de outubro.
“O pedido de abertura da comissão
foi aprovado pelo plenário e, portanto, possuí sim todo fundamento legal
para que possa ser realizada”, afirma. Conforme Luis Carlos, a Casa
aguarda apenas o entendimento entre os parlamentares para que haja
condições da comissão ser composta. “Diante do que está colocado, a
nossa obrigação é aguardar o entendimento entre os colegas para que se
possa, então, ser composta a comissão”, informa.
O
autor do requerimento que resultou na aprovação da Comissão Parlamentar
de Inquérito, Roberto Pereira Anastácio, avalia que os pedidos de
retirada de assinaturas possuem a finalidade de atrasar o início das
investigações, principalmente porque “há vereadores que assinaram esse
novo pedido citados nas denúncias”.
Roberto Anastácio verifica
que, a partir do funcionamento da comissão, todos os parlamentares que
tiveram seus nomes veiculados na denúncia ficam, automaticamente
impedidos de participar da comissão e de votar o parecer final da CPI.
“Citam o regimento interno sem sequer conhecê-lo. As alegações dos
vereadores não procedem. A CPI precisa funcionar o mais rápido possível e
eu vou, novamente, cobrar da presidência a sua composição visando o
início dos trabalhos”, frisou.
Roberto Anastácio disse, ainda que
tão logo haja a composição da CPI a Mesa Diretora da Câmara precisará,
ainda, solicitar o afastamento de todos os vereadores em estado de
suspeição. “Não há como permanecerem no exercício das funções. Será
preciso que seja solicitado o afastamento de todos, através das vias
judiciais”, finalizou o parlamentar.
Os
pagamentos, conforme as denúncias, teriam sido feitos pelo atual
prefeito do município, Ronaldo Sampaio Gomes de Mattos, e somariam R$
450 mil.
As denúncias surgiram após vazamento de uma conversa
gravada entre Samuel Araripe e o vereador Dárcio Luiz (PSDB). Na
gravação, o parlamentar chegou a apontar nomes de colegas que teriam
participado de uma reunião com o prefeito Ronaldo Sampaio, momento no
qual os supostos pagamentos teriam sido realizados. Os vereadores Pedro
Eugênio Maia Moreira (PSB), José Pedro da Silva (PMDB), Luis Carlos
Saraiva (PSL), Raimundo Soares da Silva (PV), Henrique Antônio Brito
Leite (PV), Celso Oliveira Rodrigues (PP) e Luciano Saraiva Faustino
(PSL), conforme o denunciante, teriam participado da reunião.
Como
informou o Diário do Nordeste no último dia 29 de outubro, a denúncia
levou dezenas de pessoas à ocuparem o Poder Legislativo do município. Na
data, o vereador Roberto Pereira Anastácio (PT) apresentou requerimento
manuscrito solicitando a criação de uma CPI para apurar as denúncias. A
matéria foi subscrita por outros parlamentares e aprovada pelo plenário
da Casa legislativa.
Fonte: Site Diário do Nordeste.
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